Por: Paulo Renato Fernandes Vieira
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Eu e tu criamos um "nós" perfeito

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Under The Moon




O dia tinha começado como outro qualquer. A noite tinha caído tal como todos os outros dias acontecia. Mas esta noite é diferente de todas as outras, o céu lá fora está diferente. A noite lá fora nem parece ser de Verão dado o frio que se faz sentir com a janela entreaberta.

Levanto-me da cadeira de secretária, aquela na qual me sento sempre que preciso passar um tempo a escrever, a ler, e vou em direção à casa de banho. Passados largos minutos, lá saio eu, com o cabelo molhado, com uma toalha em torno da cintura, e outra na mão, aquela que uso para secar o cabelo.

Hoje sinto-me esquisito, hoje sinto aquela vontade de ir e não voltar, hoje como em tantas outras noites, sinto saudades. Hoje mais do que nunca, sinto-me derrotado por este sentimento que me consome, desde aquele primeiro olhar, desde aquele primeiro beijo, desde aquela primeira troca de carinho.

Tanto caminhei pelo quarto, que quando dou por mim, estou sentado na varanda, já vestido. O que se passou desde o chuveiro até ali, não sei bem, não me recordo de ter colocado esta roupa sobre o corpo. Estou ali sentado, como tantas outras vezes aconteceu, acompanhado pela escuridão da noite, com os olhos colocados no céu.

Mas, olho o céu não para contar as estrelas, não porque ele me diga muita coisa, mas porque sei, que tu estás a fazer o mesmo. Faz parte da tua rotina, todas as noites, sentaste na varanda frontal de tua casa, como tantas outras vezes fizeste aqui comigo, e lês o teu livro enquanto observas o céu e eu sei que essa tua rotina não mudará, tu mesma disseste que assim, consegues ser livre.

Certa noite confessaste-me, sentada naquela cadeira que tenho sempre o cuidado de deixar sempre no mesmo sítio, que sempre que eu sentisse saudades tuas, sentisse a tua falta, para olhar o céu pela noite, para olhar a lua, pois tu estarás a fazer o mesmo, e por breves momentos o nosso olhar, por mais distante que esteja, voltará a unir-se para um único objetivo.

E cá estou eu, mas desta vez, a minha única companhia é a cadeira e a escuridão de lá de fora. Hoje tu não estás aqui comigo. Todas as noites sento-me aqui, consigo sentir o teu cheiro como se tu estivesses ali presente, sentada. Tornou-se minha rotina também, sentar-me a olhar para a lua.

E cá continuarei a vir sentar-me até a noite em que não exista mais lua. Nessa noite, tu estarás ali comigo, mais uma vez, como em tantas outras vezes, e a lua não será mais necessária pois os nossos olhares já estaram ligados e o finalmente poderemos viver no nosso mundo perfeitamente perfeito.