Por: Paulo Renato Fernandes Vieira
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Eu e tu criamos um "nós" perfeito

sábado, 16 de agosto de 2014

The Way You Left Me





Era Inverno mas fazia sol lá fora.

E nós, como tantas outras vezes, passeávamos por aquelas ruas que já nos conheciam os passos. Por aquelas mesmas ruas que já tinham as nossas pegadas marcadas, de tantas vezes que percorremos o mesmo caminho, sempre com o mesmo destino. 
Como tantas outras vezes, caminhávamos de mãos dadas, com os nossos dedos entrelaçados mas desta vez...

Desta vez era diferente. 

Desta vez caminhávamos com maior firmeza nas mãos, mas os teus passos eram receosos, parecias em estado de pânico por dar mais um passo em frente rumo ao nosso destino habitual. Era incompreensível, nós já havíamos percorrido aquele caminho demasiadas vezes para que naquele dia fosse diferente. 
Seguravas a minha mão de tal maneira, que parecia uma caixa forte, naquele momento era impossível separá-las, se um de nós se desmoronasse, o outro desmoronava junto.

Mas se há algo que não mudou, é que ao percorrer aquele caminho continuávamos a ser um só, os nossos corpos, as nossas almas, entram sempre em estado de fusão, e de lá não querem sair. 

É a nossa rotina, é o nosso dia-a-dia.

Percorríamos sempre o caminho daquele jardim, como se fosse a primeira vez que o fazíamos. Simplesmente deambulávamos por aqueles caminhos que hoje te custava a correr. 
Tantas vezes parámos a meio do caminho, e eu, olhava-te nos olhos, (até isso naquele dia estava diferente, o teu olhar estava distante, os teus olhos estavam molhados, mais do que o normal) e perguntava o que se estava a passar, o porquê de hoje estares assim diferente. Ao que tu respondias sempre "Nada amor, está tudo bem".

Lá chegámos ao nosso norte, à nossa meta, ao sítio onde nos sentávamos sempre, para conversar. Sim, exacto, naquele banco de jardim que tem as nossas iniciais gravadas, à sombra daquela árvore que vimos crescer. Até mesmo aquele banco de jardim, já estava moldado à nossa postura, tu sempre de perna cruzada, e eu sempre do meu jeito esquisito de sentar, para poder estar mais perto, para puder sentir o teu respirar. 

(Mesmo depois de sentados, as nossas mãos não se soltaram, fazias questão de a segurar o maior tempo possível).

Depois de muito conversar, depois de muitas mostras de afecto, depois de trocas de carinho sem fim, dizes que tens uma má notícia para me dar.

Eu - "Já sei, só estava à espera que ganhasses coragem para o dizer."

Tu - "Como é que sabes? Como sabes que o que tenho para dizer é mau e não bom?" (Com esse teu olhar de menina)

Eu - "Amor, sabes, eu conheço todos os teus comportamentos, tal como conheço a palma da minha mão. Mas vá, vai directa ao assunto."

Tu - " Amor, desculpa não ter-te dito nada mais cedo, mas não queria dizer-te nada sem certezas, os meus pais decidiram mudar-se, eles querem ir embora do país e eu, eu tenho de ir com eles" (A tua voz soluçava) 

Sinceramente, esperava que fosse tudo, menos isso. Esperava tudo menos que dissesses que tinhas de me abandonar, e ao ouvir essas palavras, o meu mundo caiu, desmoronou-se. Tinha ficado sem palavras, simplesmente, por breves momentos, perdi a fala.

(Tu pela primeira vez naquele dia, tinhas libertado a minha mão, para puderes ajudar-me a enxugar as lágrimas que percorriam a minha cara).

Era inaceitável aquela partida que o destino nos tinha pregado, a minha razão de acordar todos os dias com um sorriso nos lábios estava prestes a ir embora, e eu ali, sem nada puder fazer.
Lá consegui recuperar a fala, olhei-te nos olhos, como sempre o fiz, abracei-te e assim bem baixinho, em forma de sussurro, disse-te para ires, mas para nunca te esqueceres de mim, e para nunca te esqueceres, que eu amava-te e continuaria a amar.

Tu olhaste-me nos olhos, sorriste, beijaste-me, e a soluçar, partiste, deixando um "Eu um dia volto" a pairar sobre o ar. Deixaste-me ali sentado, a ver-te partir e sem força para sequer chamar por ti, sem força para sequer esboçar um último esforço de correr atrás de ti.

E hoje, apesar de tudo, sei que um dia os nossos caminhos voltarão a cruzar-se, e nesse dia, eu estarei lá, sentado no mesmo banco de jardim, à tua espera, como sempre estive, como sempre estarei.
 

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Always You




É inaceitável, a maneira como o destino nos continua a pregar partidas! É intolerante o facto de ele continuar a ser injusto para nós os dois. Teimoso e sem receios das consequências, esse destino insiste em manter-nos separados, longe um do outro. Concede-nos escadas com destinos diferentes, mas nos acabamos sempre por nos encontrar, apesar de por escassos momentos, escassos segundos que permitem-nos apenas uma troca de olhares e sorrisos, um sacudir de emoções que daí não passam.

Por vezes, dou por mim, debruçado na janela do meu quarto, a ponderar se este sentimento que nos une, é suficiente para manter a ligação que há entre nós. Dou por mim a ponderar se sentes o mesmo que eu, se sentes a mesma saudade que eu sinto nestes momentos de maior solidão. Se este amor que nos consome é suficiente para que momentos como tantos outros que passamos juntos se voltem a repetir. Momentos esses em que as nossas peles se tocam, em que os nossos lábios se unem e tornam-se um só.

Sabes, desde aquela primeira troca de olhares, sim, aquela troca de olhares que tantas outras vezes te falei, que tudo em mim mudou. Todo eu, era completo, por inseguranças, medos, por perguntas sem respostas. Em suma era composto por um caminho sem qualquer destino, por um destino que me levava ao precipício. Mas desde esse dia que tudo mudou, finalmente vivia para algo. Finalmente a minha vida voltava a ter algum fundamento, finalmente existia uma razão para continuar a respirar, existia uma razão para despertar todas as manhãs com um objectivo.

Tudo o que escrevo, é sempre sobre ti. Assim sempre foi, assim sempre será. Quando penso em escrever simplesmente não surge outro assunto, que não sejas tu. 

É natural!

Faz parte do meu DNA, é algo que flui sem grandes esforços, é algo que faz parte de mim.

Cada palavra, cada frase, flui naturalmente, de mim para o exterior é sempre para ti, sobre ti, porque estas mesmas frases só fazem sentido quando têm como destinatário a tua pessoa. 
O meu sorriso só surge por ti, porque só tu sabes como fazê-lo surgir. Simplesmente porque tu és tu, e nada é capaz de mudar isso. Cada dia só tem significado se tu fizeres parte dessa rotina quotidiana.

Nunca as minhas palavras estiveram tão repletas de sentimento!

Apesar desta distância que nos é imposta pelo destino, eu estou sempre do teu lado, o meu coração está sempre junto do teu, espiando cada passo teu, sem que tu dês por isso. Coloquei-te no topo, como alvo das minhas vontades, sem qualquer aviso prévio, sem te questionar se podia fazê-lo, mas sabes, foi mais forte do que eu. Talvez não quisesses, talvez nem eu.
Talvez eu nunca te tenha como realmente desejo, talvez nada seja como planeado, talvez um dia, os nossos caminhos nunca mais voltem-se a cruzar e cada um tome o seu rumo.

Mas até esse dia...

Até esse dia, permites ser aquela pela qual escrevo, aquela pela qual a vontade de ter é insaciável, aquela pela qual as letras fluem, da mesma maneira como o vento surge no ar? Permites-me que seja para sempre sobre ti o desejo incontrolável de amar, que seja sobre ti que recai a minha vontade de abraçar sem fim. 

Permites-me? 

Permites-me amar-te até que os nossos caminhos não se cruzem mais, até que os nossos olhos se fechem e só despontem lembranças de momentos felizes, vividos no nosso mundo, aquele ao qual só nós temos acesso, e nada nos incomoda.

Até esse dia, eu vou estar sempre aqui, a escrever sobre ti, e para ti, porque tu és simplesmente tu!