Por: Paulo Renato Fernandes Vieira
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Eu e tu criamos um "nós" perfeito

quarta-feira, 6 de março de 2013

Um Sonho Real



Tudo aconteceu ao fim do dia quando caminhávamos pela areia daquela praia que sempre sonhamos visitar. A brisa quente que nos envolvia tornou o momento ainda mais especial. Não passávamos de dois bons amigos. 

Caminhávamos com as nossas mãos entrelaçadas, como muitas outras vezes já tínhamos feito. 

Mas desta vez era diferente... 

Nossos passos eram mais firme, nossas mãos entrelaçavam-se uma na outra com maior autoridade, nossos olhos tinham um brilho diferente, a nossa cumplicidade era tão grande que mais aparentávamos ser dois apaixonados. Senti, realmente, que naquele momento criamos um ser perfeito, criamos um "nós" perfeitamente perfeito. Nossas conversas eram intermináveis, nossas gargalhadas espelhavam a felicidade que nos consumia.

O tempo passou, e nós  continuávamos a caminhar por aquela areia ainda quente. Não  permanecíamos calados um único segundo. Se por breves momentos nos faltaram as palavras foi porque nós olhamos um nos olhos do outro e coramos sem saber o que dizer. Naquele momento tivemos a certeza que aquilo foi especial. Que nós  éramos  especiais.

Tudo à nossa volta era-nos abstracto, todos aqueles piropos, todas aquelas provocações eram-nos completamente invisíveis. Naquele momento só nos importávamos em continuar o nosso caminho, tornando aquele momento ainda mais especial. Senti-me como se naquele momento nada me podia derrubar, nenhum obstáculo era capaz de me fazer parar, nem sequer era capaz de me fazer vacilar. Estava confiante que seria desta vez que tudo ia dar certo.

Tanto caminhamos que se olhássemos para trás não conseguíamos visualizar as nossas pegadas mais distantes, aquelas mais débeis que nos fizeram começar a caminhar ainda com um bocado de receio com o que podia acontecer. 

Por fim, a luz que outrora serviu-nos de guia, deu lugar à escuridão da noite. Noite de lua cheia. Nesta noite a lua mais parecia um sol, de tanta luz que irradiava. Aproveitamos para descansar as pernas, sentámo-nos junto a uma rocha, estendemos as toalhas (ainda um bocado molhadas) e lá nos deitamos sobre elas. 

Começamos a falar um do outro...

Eu falei-te de quanto eras especial para mim, do quanto eu te valorizava, revelei-te sentimentos que andavam escondidos, que não queria que interferissem com a nossa amizade. Confessei-te tanta coisa. Disse-te das coisas mais puras e mais verdadeiras que alguma vez disse..

Tal como normal, gracejei um bocadinho com a tua maneira esquisita de falar, gozei com a  tua nova cor do teu cabelo (na verdade ficou mesmo bem, mas sabes como sou, tenho que arranjar sempre algo para gozar).

Falei-te dos teus defeitos, elogiei as tuas virtudes... Disse-te o quanto achava que eras bonita. Falei-te do número de vezes que ia ao teu "facebook" por dia só para ver as tuas fotos, e matar as saudades naqueles dias em que não estás por perto.

Tu? Tu surpreendeste-me.. Começaste por me pedir um abraço, com uma lágrima ao canto do olho.

Eu  -" Que se passa? Porquê que estás a chorar querida?"

Fugiste à pergunta e começaste a falar de mim.

Começaste por dizer que eu também era especial para ti, que nunca querias perder a minha amizade. Que quando mais precisavas, era eu que estava lá para te segurar e não te deixar cair. Valorizaste-me de tal maneira que até eu fiquei surpreendido. 

Gozaste do meu penteado (tu não serias tu se não o fizesses), fizeste-me os mais rasgados elogios, falaste das minhas qualidades como se se tratassem de algo importante para ti. 

Demonstraste que valorizas aquilo que nós somos.

Falaste-me do número de vezes em que estás a espera que eu saia do trabalho só para me mandar uma sms, para me contares as novidades, para me convidares para passar o dia contigo, resumindo para me convidares a fazer aquilo que realmente me faz feliz.

Tantos elogios, tantas emoções, colocaram-me com as lágrimas na cara e é nesse momento que tu viraste para mim e dizes:

- "Agora percebes porque estou a chorar? Choro porque tu fazes-me sentir como nunca ninguém fez. Fazes-me sentir bem, fazes-me sentir feliz"

Na sequência das palavras que me dirigiste, não me deixaste falar, nem me deixaste responder. Colocaste esse teu dedo indicador, sobre os meus lábios, aproximaste-te de mim ainda com os olhos  lacrimejados, o com toda a magia do momento, encostamos os nossos narizes e de maneira dócil e delicada, fizemos os nossos lábios criarem a ligação perfeita entre eu e tu, criando aquele tal "nós" perfeito.

E com essa voz doce e meiga, chegaste-me ao ouvido e disseste-me assim baixinho:

"Sabes aquele sentimento especial que dizes ter?
Eu sinto o mesmo.
Sabes aquele sentimento de amizade que tinhas medo de perder?
Não se perderá nunca, a partir deste momento tornou-se num amor perfeito.
Um amor puro e verdadeiro. Amo-te da mesma maneira que tu a mim.
Nosso amor é perfeitamente perfeito."

Abracei-te, as lágrimas corriam-me pela cara. Tudo aquilo que havia sonhado, tinha se tornado realidade.

Tudo aconteceu de maneira perfeita. Não sei bem explicar, é como se nada pudesse ser comparado  àquilo, é como se nada parecido tivesse sido realizado antes. Sinto-me como uma criança quando come um chupa-chupa pela primeira vez.

Ao nos despedir-mos, chorei, não queria deixar-te ir para casa nesse dia.. Queria ficar ali contigo. Viver feliz para sempre. Juramos amor, e prometemos que tornaria-mos todos os dias especiais.

 Ao virar-mos as costas para seguirmos caminhos diferentes, olhei para trás e tu já lá não estavas. Simplesmente tinhas desaparecido. 


E eu? Eu acordei com as lágrimas a correrem pela cara prestes a cair na almofada, olhei para o lado, sorri e lá estavas tu, deitada do meu lado, tornando realidade todo aquele sonho. Abracei-te, voltei a adormecer, sonhando que tudo isto fosse mesmo realidade.

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